segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Como Dilma vai entrar para a História. Com uma foto

Como “A vida quer coragem”,  ela pode ser a Presidenta que  instalou os Direitos Humanos numa sub-democracia latino-americana.


    Publicado em 09/01/2012
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O re-encontro com os que se escondem sob a toga
O ansioso blogueiro acabou de ler o indispensável “A vida quer é coragem – A trajetória de Dilma Rousseff, a primeira presidenta do Brasil”, de Ricardo Batista Amaral, publicado pela editora Primeira Pessoa.

É a reconstituição da vida de Dilma Rousseff até chegar à Presidência.

Amaral situa o ambiente político em que a Presidenta se formou, cresceu, conquistou a confiança de Lula e se fez Presidenta.

O que há de excepcional, de singular nessa biografia ?

A tecnocrata eficiente, workaholic, implacável, a mulher dura entre “homens  meigos – a mãe do PAC”.

A economista de sensibilidade política.

A política de visão social.

Mulher, a primeira mulher presidenta.

A leitura de “A vida quer é coragem” leva a uma conclusão inevitável: Dilma vai entrar para a História do Brasil como a guerrilheira torturada, corajosa, desafiadora, altiva, que chegou à Presidencia.

Entrar para a História com a política de inclusão social, que o Brasil sem Miséria encarna, não basta.

Esse é o território do Nunca Dantes.

Ele é o pai da Classe C.

Pilotar a crise econômica mundial e impedir que chegue ao Brasil é um esforço passageiro:  a crise perdeu a força de desorganizar o Brasil – apesar dos notáveis esforços da Urubóloga.

Educação, Ciência sem Fronteiras, Saúde, UPAs, Minha Casa Minha Vida, Luz para Todos, a infra-estrutura, portos, ferrovias, estradas, chegar ao Pacífico, faxina.

Não será essa a marca da Presidenta naquele livro em que o Fernando Henrique se depositará numa nota de pé de página, como Dutra – isso, se a CPI da Privataria pegar leve.

Naquele livro, em que Vargas e Lula estarão na capa, Dilma entrará com aquela foto em preto e branco.

Em 1970, na Primeira Auditoria Militar, no Rio, aos 22 anos, ela denunciou os torturadores e os oficiais auditores esconderam o rosto do fotógrafo –  e dela.

No livro de Amaral, o que sobressai é a narrativa minuciosa sobre a guerrilheira.

A guerrilheira que jamais se arrependeu do que fez.

E, no Senado, diante de um medíocre senador de oposição,  expôs por que mentiu sob tortura: ela não entregou nenhum companheiro.

A torturadores se mente, ela ensinou.

(Nesse  ponto do livro, o Gabeira tem a estatura moral de um desnorteado.)

A Presidenta não poderá evitar esse encontro com a Dilma de 22 anos.

O re-encontro com o torturadores.

Aqueles que, hoje, se escondem sob a toga da Lei da Anistia.

A “Lei” que a Corte de Direitos Humanos da OEA – que a Constituição brasileira reconhece –  considerou uma ignomínia, um Crime contra a Humanidade.

Como “A vida quer coragem”,  ela pode ser a Presidenta que  instalou os Direitos Humanos numa sub-democracia latino-americana.

Paulo Henrique Amorim

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